Veja matéria completa publicada nesta segunda-feira no Sapo Portugal
" O Brasil vai precisar de um milhão de talentos até ao final do ano.
Saiba como vencer os obstáculos e conseguir agarrar um destes empregos.
No topo da carreira, os salários podem chegar aos 200 mil euros."
"O país em que os empregos correm atrás das pessoas". Será que a
manchete de um jornal brasileiro, publicada há dois anos, ainda faz
sentido? Haverá oportunidades para os portugueses nos cerca de milhão de
empregos que serão criados no país até ao final do ano? Continua a
existir um défice de 160 mil engenheiros a que as escolas brasileiras
não conseguem responder. O país está transformado num estaleiro de obras
por causa do Mundial de Futebol, do plano ambicioso de infra-estruturas
da presidente Dilma e da aproximação dos Jogos Olímpicos. O Brasil
continua a ser um dos campeões de proteccionismo. Mas o "turbilhão
económico", o mundo de oportunidades onde tudo pode acontecer, são
tentações irresistíveis para quem quer uma carreira de futuro.
"O Brasil é muito bom quando se consegue vencer. Quem quer mesmo
vir, deve tentar a sua sorte", aconselha Patrícia Espírito Santo. A
directora de recursos humanos da General Brasil recorda que a taxa de
desemprego é muito baixa (5,5%) e que se vive uma situação de quase
pleno emprego em São Paulo e no Rio de Janeiro. E os salários compensam.
Um director técnico na área da construção ganha 200 mil euros por ano,
mais pacote de incentivos.
Mas é preciso fazer contas porque o custo de vida é mais alto que
em Portugal e a doença crónica da inflação ainda não foi controlada.
São Paulo tem a pizza mais cara do mundo, uma melancia custa 12 euros e o
colégio de uma criança facilmente chega aos mil euros por mês. Mas o
que pesa mais é o custo da habitação: uma casa num bairro seguro tem uma
renda média de 2.500 euros .
Carla Rebelo, directora da Hays Brasil, acredita que só agora o
país está a perceber que não tem quadros suficientes para tudo o que há
para fazer (ver entrevista na pág.5). Para a autora do livro "O Que
Saber Para Viver e Trabalhar no Brasil", este será o ano em que as
empresas se vão aperceber da urgência de talento, o que irá criar mais
oportunidades para os portugueses.
Sectores como a agro-indústria, construção, engenharia e
infra-estrutura de grandes obras, logística, saúde e o sector do
petróleo são as áreas mais sedentas de talento. Mas, à partida os
empresários não pensam espontaneamente num quadro português, até porque
conseguir um visto de trabalho para um estrangeiro continua a ser muito
caro e lento. E a questão do reconhecimento das competências é um
processo que ainda não está agilizado.
Mas esqueça o cenário do El Dorado e nunca parta à aventura
porque a coisa pode não correr bem. "Há oportunidades de trabalho, mas é
mais difícil do que só chegar e arriscar, porque o mercado está a
abrandar", sublinha Teresa Dias Coelho da Deloitte. Há casos de
portugueses que tiveram que regressar ao fim de dois meses.
Uma boa forma de entrar no mercado de trabalho é contactar uma
das 120 empresas portuguesas que operam no país (ver texto ao lado). Só a
Galp Energia, que está envolvida na exploração da reserva do pré-sal,
recruta constantemente para o Brasil. As áreas técnicas
(Geociências/Engenharias) "deverão continuar a ser as áreas
privilegiadas de recrutamento", sublinha uma fonte oficial. Actualmente,
a empresa já tem 77 colaboradores portugueses.
Mas há quem fale de uma redução das oportunidades. "O Brasil está
muito instável e o mercado arrefeceu muito em termos de alternativas
para os portugueses ", diz Nuno Rebelo de Sousa. Para o responsável do
Desenvolvimento Estratégico da EDP no Brasil, este "não é um mercado
natural, nem onde é fácil vingar". E o investimento estrangeiro está a
começar a voltar aos Estados Unidos e à Europa, acrescenta Nuno Rebelo
de Sousa. Em Wall Street já se coloca o Brasil no grupo dos países a que
chamam os ‘Fragile - 5', alerta um articulista da Folha de São Paulo."
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