O Dia de São José é uma data especial
e cheia de simbolismo para o povo nordestino. Neste dia a religiosidade popular
destina ao santo as orações e pedidos de chuva e por uma boa colheita. É um dia
de festa e neste último domingo (19) a festa teve um caráter ainda mais
simbólico.
O dia foi escolhido para a inauguração
popular da transposição do Rio São Francisco na bacia do Rio Paraíba, em
Monteiro; onde estive ao lado dos ex-presidentes Lula e Dilma e de colegas
parlamentares e lideranças populares de várias regiões. Essa obra estruturante é um dos principais legados
dos governos progressistas no Brasil. Quando
estiver pronta, nos dois eixos, a transposição deve beneficiar 12 milhões de pessoas.
Assistimos ontem uma linda
manifestação que levou milhares de pessoas ao cariri paraibano. Emocionante ver,
já ao longo da estrada, o reconhecimento popular, as manifestações de carinho
ao ex-presidente Lula e os depoimentos sobre como essas águas mudarão
definitivamente a vida do povo daquela região.
A transposição é um sonho antigo dos
sertanejos. É um projeto que data do período colonial e que nunca saiu do
papel. A primeira versão desse projeto data de 1847. Desde então muitas vezes
as águas do São Francisco foram apontadas como boa solução para o enfrentamento
da seca e voltavam a ser esquecidas ao final de cada período de estiagem.
Ainda durante o período da ditadura
militar o caráter cíclico das secas já era de conhecimento público e exigia ações
mais perenes. No entanto, conforme denunciou Marcia Dementshuk em reportagem
para a Agência Pública*, a informação foi mantida em segredo e a transposição
mais uma vez não saiu do papel. “O fato de as secas nordestinas serem cíclicas
já havia sido preconizado em 1977 pelos pesquisadores Carlos Girardi e Luiz
Teixeira, do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP).
Mas a informação era mantida em segredo pelo governo militar. Os pesquisadores
previram secas com duração de cinco anos a cada 26 anos, e secas de menor
intensidade, com duração de três anos, a cada 13 anos”.
A decisão política e reconhecimento do
papel dessa obra para o desenvolvimento do país e enfrentamento às
desigualdades regionais foram fundamentais para que em agosto de 2007 esse
projeto finalmente tivesse início. Ao longo dos Governos Lula e Dilma muitos
desafios precisaram sem enfrentados para que, afinal, pudéssemos ver as águas
correndo nas terras pernambucanas e paraibanas, irrigando a sede e renovando a
esperança do nosso povo.
Ver concluído um trecho de uma obra
estruturante como essa aumenta nossa convicção na defesa de um projeto popular
e progressista para o país. Materializa o que o golpe que sofremos no ano
passado tenta tirar do nosso país. O sorriso, a fé, a alegria que tomou conta
desse domingo nos lembra que o nosso povo tem direito à felicidade e que nós
temos o dever de combater o golpe, lutar pela nossa democracia e junto com esse
nosso povo retomar o caminho do crescimento, do desenvolvimento e da soberania.
Luciana
Santos é deputada
federal por Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB
*Artigo originalmente publicado no
Portal Brasil 247
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