Infelizmente segundo a Abrapia(Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência) apenas de 10% a 20% dos casos são denunciados.
O modo de ação do abusador, muitas vezes, passa despercebido pelos parentes da vítima. Isso acontece porque nem sempre a criança é violentada, apresentando marcas de relações sexuais ou espancada. A agressão física acontece, mas a maioria dos abusadores prefere agir sutilmente. Eles podem apenas alisar ou beijar a criança, passar as mãos por seu corpo e pelos órgãos sexuais, como se fosse apenas carinho ou, simplesmente, nem tocar nelas. Alguns preferem mostrar filmes de vídeo e revistas pornográficas para a criança, para "ensinar" como se faz sexo, enquanto outros preferem observá-la enquanto toma banho ou troca de roupa. E ainda existe uma outra artimanha: para convencê-la a ser tocada ou a participar de uma relação sexual, muitos apelam para a sedução por meio de elogios, dinheiro ou presentinhos.
Características do abusador
A realidade mostra que o abusador geralmente é uma pessoa comum, agradável, simpática e discreta, com pinta de bom pai de família. É dentro do círculo familiar que acontecem a maioria dos abusos, o que torna a denúncia ainda mais difícil. Muitos abusadores continuam agindo certos de sua impunidade.
Segundo estudos sobre o tema, o molestador costuma considerar o abuso uma coisa normal, pois pensa que está dando à criança a oportunidade de experimentar o sexo. Para conseguirem o que querem, precisam também convencer a criança de alguma maneira. Uma delas é dizendo que a "brincadeirinha" ou a relação sexual é um "segredo" entre eles, que não deve ser revelado a ninguém. Em seguida, partem para a chantagem, com ameaças. Grande parte das vezes, a criança ouve coisas como "se a mamãe souber do nosso segredo, ela vai ficar muito brava e abandonar você" ou "se você contar para alguém o que nós fazemos, vai apanhar bastante". Confusa e sem saber direito o que está acontecendo, a criança aceita. Tanto por medo das conseqüências quanto por achar que não será mais amada pelo abusador - que, como foi dito, geralmente é um parente muito querido.
Nem sempre os abusadores são pedófilos de plantão. "Existe o abusador situacional, que é aquele que comete o ato impulsivamente, motivado por algum problema psicológico, como fragilidade, autoestima baixa e sentimento de menos-valia. Esses abusam esporadicamente, apenas diante de uma situação como essa. Já o abusador fixado, ou pedófilo, tem as crianças como objeto de desejo sexual. Usa-as para obter satisfação, não só sexual, mas de poder, de controle. É uma pessoa que tem imaturidade no desenvolvimento sexual. A pedofilia é uma doença, a pessoa não tem controle sobre seu desejo e não consegue evitar o abuso", explica a psicóloga e terapeuta de família Vânia Izzo de Abreu, da Abrapia.
Para a psicóloga Mônica Freitas, quem abusa sexualmente de alguém tem como característica principal o desejo de transgressão. "São indivíduos que não possuem limites e nenhum significado de moral e respeito. Abusadores são doentes que necessitam de tratamento", define.
Consequências
Cada criança reage ao fato de maneira diversa: "Cada caso é um caso. Ela pode ter um comportamento sexualizado precoce, masturbação compulsiva, não se sentir querida ou amada, achar que não pertence ao grupo infantil e isolar-se dos amiguinhos, sentir-se suja ou não apropriada. Pode, inclusive, sentir prazer e até vontade de continuar o abuso, para sentir mais proximidade, carinho ou atenção do abusador. São vários os lados da questão: há crianças que gostam, outras que sofrem. Mas nenhuma delas entende realmente o que está acontecendo".
Algumas crianças, inclusive, continuam gostando do abusador, pois têm uma relação de parentesco com ele. Outras desenvolvem uma fobia muito grande de se aproximar dele e começam a apresentar reações físicas, como dor no corpo ou dor de barriga. Podem até pensar em suicídio, pois o trauma é muito forte. Até mesmo a maneira como a família reage diante da descoberta do abuso influi em seu comportamento. As marcas psicológicas perduram pelo resto da vida. As conseqüências emocionais para a criança ou adolescente são bastante graves, tornando-as deprimidas, inseguras, com problemas sexuais ou de relacionamentos íntimos.
Como a maior parte dos casos não apresenta marcas nos órgãos sexuais, geralmente os exames de corpo de delito não detectam o abuso. Então, a melhor forma de descobrir como ele aconteceu é entrevistar todas as pessoas envolvidas: a criança, a família e o próprio abusador.
Não é nada fácil convencer a criança a falar. "É um trabalho que precisa ser feito com cuidado. É preciso ganhar a confiança da vítima para conseguir que ela conte o que ocorreu. Muitas preferem contar o abuso através de desenhos ou da representação do ato com bonecos que possuem a genitália e os orifícios aparentes.
O que fazer após a constatação do fato
A recomendação é acreditar na versão da criança. "Se ela relata isso para alguém, a pessoa tem de acreditar nela e encaminhá-la ao Conselho Tutelar. Cada criança tem uma forma própria de revelar o abuso, mas é necessário acreditar nela.
Mas o que fazer quando se descobre um caso de abuso sexual dentro da família? O primeiro passo é procurar pessoas especializadas no assunto - como psicólogos, psiquiatras e instituições de apoio à criança e ao adolescente. São pessoas capacitadas para lidar com o problema e que podem orientar a família a gerenciar melhor a situação. Outro passo importante é notificar o Conselho Tutelar da localidade, um hospital ou um posto de saúde, para buscar assistência à criança. "É preciso denunciar, pois o abuso sexual é crime. A criança ou o adolescente não é responsável pela violência que sofreu. Existe toda uma parte jurídica envolvida, devido à violação da criança e à responsabilidade penal do abusador. A família deve protegê-la e tirá-la das mãos de quem a abusou. Quanto mais cedo isso for feito, melhor", afirma Vânia. Mônica Freitas psicóloga concorda: "É importante que se afaste a criança do local para sua própria proteção e que se busque, o mais rápido possível, a ajuda de um profissional especializado, para que este faça o encaminhamento da situação da melhor forma possível", recomenda.
Aqui na cidade do Carpina a Secretaria de Ação e Assistência Social na pessoa da secretária Milca Maria estão promovendo a semana de combate a exploração de crianças a adolescentes.
Denúncias de abuso: Procure o Conselho Tutelar que na cidade do Carpina fica na Av. Da bandeira ou ligue disque-denúncia 100
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