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domingo, 20 de novembro de 2016

Dia da Consciência Negra por Danielle Nurse.



No dia 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra. A data é feriado em muitas cidades como no Rio de Janeiro onde fui criada, onde há uma forte comemoração. Apesar do descaso da maior parte da população, a data serve para refletirmos sobre o efeito do racismo na sociedade. Será que de fato o racismo só prejudica as vítimas do preconceito? Ou também prejudica as pessoas que exalam e externam tamanho atraso mental e interferem no desenvolvimento de nossa sociedade? Será que elas também não são vítimas de si mesmas?

Se a sociedade não criasse barreiras por este detalhe tão fútil, descobriríamos mais talentos. Talentos que acrescentariam e muito em nossa sociedade. Mais atores, mais escritores, mais médicos, mais pilotos, mais juízes competentes etc. Mas apesar de já termos avançado muito, apesar de hoje o negro se aceitar mais e não se constranger com sua etnia por culpa do preconceito e encarar no peito e na raça com orgulho sua origem o que lhes garante mais espaço, ainda os vemos menos incluídos no alto escalão da sociedade de forma natural, e tudo se torna "um pouco" mais difícil.

O preconceito é um crime contra a evolução da humanidade, um crime contra a paz entre os homens e uma insensatez, insensatez porque após 516 anos da descoberta do Brasil nos tornamos inevitavelmente um país miscigenado por mais que se tenha a pela branca, os cabelos lisos.

Eu trago em minha etnia as duas raças, a branca e a negra e meu aspecto físico mostra isso, alguns dizem que sou branca, outros dizem que sou negra. O fato é que desde a inocência da minha infância quando sequer conhecia minhas origens sempre encarei minha etnia negra com naturalidade e orgulho. Sempre, até quando tinha os cabelos lisos por química, nunca neguei a ninguém minhas origens... Mesmo diante de algumas piadas maldosas que encarei e até hoje para quem me conhece, sabe o quanto gosto de enfatizar minhas raízes negras até para dar uma tapa na cara do preconceito, o quanto amo a melanina na pele, que não fui tão prestigiada, mas em compensação Deus me deu cabelos de uma deusa de ébano.

Enfim, por mais que a sociedade ainda tente esconder, que negros e negrAs, destaco as negras pois sinto que as mulheres ainda sofrem um pouquinho mais de preconceito, que fizeram história nesta terra, contribuíram para nosso desenvolvimento e cultura, sejam excluídos das matérias de história na educação brasileira, é inegável a importância irrelevante do papel destes em nossa história. Seu legado. Nomes como: Zeferina, líder do quilombo de Urubu, Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa, Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia, e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil, Dandara foi uma guerreira negrado período colonial do Brasil, esposa de Zumbi dos Palmares e com ele teve três filhos e suicidou-se depois de presa, em 6 de fevereiro de 1694, para não retornar à condição de escrava. Alguns homens negros que talvez você nunca tenha ouvido falar na nossa injustiça\racismo histórico: Afro-descendente nascido na capital da Bahia, Juliano Moreira ingressou na Faculdade de Medicina do Estado em 1886, apesar da origem humilde. Um dos pioneiros na psiquiatria brasileira, foi o primeiro professor universitário a citar e incorporar a teoria psicanalítica em suas aulas, além de ter representado o Brasil em congressos internacionais como os de Paris, Berlim, Lisboa e Milão nos anos de 1900.Moreira contrariou o pensamento racista existente no meio acadêmico de sua época, que atribuía os problemas psicológicos dos brasileiros à miscigenação. Zumbi dos Palmares nasceu em 1655, no estado de Alagoas. Ícone da resistência negra à escravidão, liderou o Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas no Brasil Colonial. Aleijadinho, como ficou conhecido nas Minas Gerais do século XVIII XVIII. Filho bastardo de Manuel Francisco Lisboa, português, e de uma escrava de nome Isabel. Quando estudava, já ajudava o pai no oficio de entalhador. Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.

Como você pode ver, talvez seja a primeira vez que você leia o nome de algum deles, mas a lista é extensa.

Encerro esse texto apenas com uma reflexão, as semelhanças nos unem, mas são as diferenças que nos fazem crescer. Escolhi essa foto para estampar a matéria pois me apaixonei quando a vi estampada no hospital Getúlio Vargas. Uma enfermeira negra, de olhos lindos, black power e com o meu sobrenome! 

→Viva ao Dia da Consciência Negra.



Danielle Nurse

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