Com 1 ano e 4 meses de nascidas, as gêmeas Maria Luana e Maria Luíza embarcaram nesta terça-feira (16) em sua primeira viagem de avião. Um voo de mudança na vida das recifenses que nasceram unidas pela pélvis. Às 17h30, decolaram em direção a Goiânia (GO), onde daqui a duas semanas submetem-se à cirurgia de separação. Será no Hospital Materno Infantil da capital goiana, sob comando do médico Zacharias Calil, especialista em operar siameses. Nos últimos dez anos, três das sete separações efetuadas na unidade tiveram êxito.
Parentes e amigos passaram mais de uma hora no Aeroporto do Recife para se despedir. Luana e Luíza viajaram com a mãe, Larissa Nunes, 23, e as duas avós. Mas até ter as passagens nas mãos Larissa peregrinou meses em busca de apoio. “Há muito tempo eu andava e não conseguia de jeito nenhum. Deu certo em janeiro. Agora estou ansiosa, quero que chegue logo a cirurgia. Estamos preparados.”
Como o Governo de Pernambuco não custeou a viagem – alegava que a cirurgia poderia ser feita no Instituto de Medicina Integral de Pernambuco (Imip) –, a família recorreu ao Conselho Tutelar da RPA 2 do Recife. Assim, a Secretaria de Assistência Social da cidade bancou os bilhetes de Larissa e da avó materna das gêmeas. Uma conta bancária aberta por amigos angaria recursos para a estada em Goiás.
No saguão do terminal, fotos, abraços e beijos de quem vai ficar no Recife à espera de boas notícias. “Estamos preocupados, afinal somos muito apegados. Mas entregamos nas mãos de Deus. Se Ele quiser, vai dar tudo certo”, torce o avô paterno, Marcos de Andrade, 48.
Em Goiânia, equipes do Conselho Tutelar local e da Secretaria Estadual de Saúde esperavam pelas gêmeas, cujo voo deveria pousar às 22h15. “Eles se responsabilizaram por toda a mobilização. Queremos agradecer ao Estado de Goiás (que assumiu os custos da operação) e ao cirurgião Zacharias Calil”, disse a conselheira tutelar recifense Paula Cristiane.
Não há previsão de alta. Por isso, amigos e parentes seguem reunindo doações em dinheiro para cobrir os gastos na cidade. Ontem, no aeroporto, distribuíram panfletos com os contatos da campanha.
As siamesas são chamadas de isquiópagas (ligadas pela pélvis). Compartilham fígado, órgão genital e reto. Cada uma ficará com uma perna. Elas têm uma terceira com má formação, cujos músculos, ossos e pele serão usados na reconstrução de abdome e bacia. Segundo o cirurgião pediátrico Zacharias Calil, a cirurgia pode durar 12 horas, envolvendo mais de 60 profissionais. “O que nos preocupa é uma veia do fígado, que elas dividem. Há risco de hemorragia. É uma cirurgia complexa, e o resultado é imprevisível.”
Fonte: JC on line
Recife está torcida! Que Deus se faça presente, guie os médicos e permita que dê tudo certo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário