
A moagem empregará 20 mil homens a menos. A colheita da cana-de-açúcar
deve ter uma redução de 21% devido à seca. A expectativa é que a atual
safra (2012/2013) alcance 13,7 milhões de toneladas, contra as 17,4
milhões de toneladas da anterior (2011/2012). A menor quantidade da
planta já fez a atual moagem precisar de cerca de 20 mil homens a menos,
chegando a ocupar cerca de 80 mil pessoas. Período de maior desemprego
na região canavieira, a entressafra vai começar mais cedo nesta moagem
entre dezembro e janeiro.
Geralmente, a entressafra ocorre a
partir de fevereiro ou março na maioria das empresas indo até agosto ou
setembro. Nos meses da entressafra, o emprego diminui muito nas usinas,
porque não são necessários homens para cortar a cana-de-açúcar, o que
ocorre somente durante a moagem.
“Já tem empresa parando este mês. É o
desemprego chegando mais cedo, quando os trabalhadores estão numa
situação difícil, porque perderam quase tudo que plantaram. A
agricultura familiar também complementa a falta de salário desse
período”, lamentou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Nazaré da Mata, Tracunhaém e Buenos Aires, José Pereira da Silva. As
três cidades estão na Mata Norte.
Segundo ele, a situação só não é
pior porque as empresas da região compraram as canas da Usina Cruangi,
que não moeu nesta safra. A aquisição compensou as perdas que várias
usinas da região tiveram na colheita. Nas três cidades citadas acima, o
sindicato dos trabalhadores tem cadastrado 4,5 mil canavieiros e 2 mil
homens que tiram o seu sustento da agricultura familiar. “Uma parte dos
canavieiros planta culturas de subsistência num sítio de um amigo ou
vizinho”, disse.
De acordo com o Sindaçúcar, a
expectativa é que a moagem na Mata Norte acabe até 15 de janeiro. “Não
dá para mensurar agora o tamanho do desemprego na entressafra”, afirmou o
presidente do Sindaçúcar, Renato Cunha. Em algumas localidades daquela
região, as perdas chegaram a 35%.
“Essa seca está entre as três mais
severas desde 1989. Em algumas áreas da Mata Sul, as perdas foram de
20%”, explicou Renato Cunha. A Mata Sul apresenta um índice
pluviométrico maior e, geralmente, não sofre perda de safra, quando a
estiagem é mais branda.
A perda da planta está ligada também
à má distribuição das chuvas. Os meses de maior crescimento da
cana-de-açúcar são abril, maio, junho e julho. Os números do Sindaçúcar
indicam que em algumas localidades da Zona da Mata em abril deste ano
foi registrado 14 milímetros de índice pluviométrico, enquanto no mesmo
mês de 2011 esse total ficou em 200 milímetros.
Na última segunda-feira, o ministro
da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, se comprometeu, a
adotar medidas que aumentem a competitividade do setor sucroalcooleiro,
numa reunião que ocorreu na sede da Associação dos Fornecedores de
Cana-de-Açúcar de Pernambuco. Geralmente, o setor emprega cerca de 100
mil pessoas numa safra sem estiagem.
“Vamos trabalhar para sensibilizar
as diversas áreas do governo federal para trazer respostas concretas
para as demandas apresentadas aqui”, garantiu. Ele acrescentou que a
União pode fazer parcerias com o Estado para minimizar os efeitos da
seca na atividade.
Fonte: Jornal do Commercio