Privatizar a Compesa não está nos planos do Governo do Estado. A garantia foi dada pelo presidente da empresa, Roberto Tavares, durante audiência pública que discutiu, na Alepe, o futuro da companhia diante das mudanças propostas pelo Governo Federal no setor de saneamento. Ele esclareceu como vai ser a participação no Programa de Parcerias para Investimentos, PPI, do BNDES, que estrutura projetos em conjunto com a iniciativa privada e conduz processos de desestatização. “A decisão do governo é continuar a Compesa pública, estatal, mas que a gente tenha oportunidade desenvolvimento de parcerias com o setor privado, para que a gente antecipe os benefícios à população, a gente precisa do capital privado, mantendo sempre o controle do Estado.”
Para Roberto Tavares, os recursos privados são indispensáveis para promover a universalização do acesso à água e melhorar os números do saneamento básico. A cobertura em Pernambuco é de apenas 24%. Na cidade do Recife, 42%.
O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Pedro Blois, classificou o investimento privado como um mal necessário para executar as obras de infraestrutura. Mas ele criticou o modelo lançado pelo Governo Federal por permitir que a gestão possa ser desestatizada. “Nós somos totalmente contrários a isso por entendermos que o capital privado não tem a capacidade necessária, não tem corpo técnico necessário para gerir um serviço que tem uma série de peculiaridades na questão da sua execução até a destinação final que é a água na residência dos consumidores.”
A audiência pública realizada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico também serviu para esclarecer pontos sobre a Parceria Público-Privada da Compesa com a Odebrecht Ambiental, hoje Brookfield, para o saneamento da Região Metropolitana do Recife. Roberto Tavares disse que a Companhia estuda um plano de ação para a melhoria da rede em todo o estado, mesmo nos municípios considerados deficitários, em que o custo de operação é muito alto. O gestor defendeu o modelo de subsídio cruzado, em que os municípios mais ricos geram lucro para ser investido onde as receitas não forem suficientes.
Na avaliação da deputada Teresa Leitão, do PT, que solicitou a audiência pública, o debate foi positivo, mas o Governo do Estado precisa esclarecer como vai solucionar os gargalos enfrentados hoje pela Compesa. “A Compesa não vai ser privatizada. É um destaque que é dado pelo Governo, mas a gente precisa que isso seja traduzido em ações.”
Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Aluísio Lessa, do PSB, disse que pretende levar o debate sobre os rumos da Compesa diretamente ao governador Paulo Câmara. “Vamos solicitar uma audiência com ele para que, junto com a direção da Compesa, a gente possa ouvir e ele declarar para Pernambuco que a Compesa está no bom caminho e vai continuar assim, será do povo de Pernambuco e não será privatizada.”
Além de deputados, a audiência teve a participação de empregados da Compesa e representantes sindicais.
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