Cerca de três milhões de crianças no Brasil estão fora da escola, segundo pesquisa do Unicef, de 2014. Só no Recife, são quase 20 mil. Desse total, 40% têm alguma deficiência. A falta de infraestrutura explica parte da evasão: apenas uma a cada três escolas está preparada para receber esse público. Os dados foram apresentados pelo chefe do Unicef no Brasil para o território do Semiárido, Robert Gass, em reunião na Alepe, da Frente Parlamentar em Defesa da Pessoa com Deficiência. Robert destacou iniciativas do Unicef na luta contra a exclusão escolar. Entre elas, ações para promover os direitos das crianças mais afetadas pelas desigualdades entre os municípios do Interior e as capitais brasileiras. “Nós sabemos que pessoas com deficiência tem uma vida mais desigual do que os outros. Então nós estamos tentando enfrentar isso. Temos também algumas ferramentas para dar mais acesso para essas pessoas com deficiência. Uma é o nosso programa de busca ativa escolar, para procurar quais são essas crianças que estão fora da escola.”
O representante da Gerência Municipal da Pessoa com Deficiência, Paulo Fernando, comentou o trabalho realizado no Recife para a inclusão dos alunos. “Hoje Recife dispõe de algumas escolas com salas bilíngues. Também realizou concurso. Foram contratados várias pessoas para acompanhar os alunos com deficiência nas escolas. Discutimos também a própria reforma de acessibilidade nas escolas, garantindo o direito de ir e vir do aluno não só à escola, mas também no seu entorno.”
Para o presidente da Associação dos Surdos de Pernambuco, René Ribeiro, o desenvolvimento de uma criança surda pode ser igual ao de qualquer outra; a diferença é a forma de comunicação. Segundo ele, apenas oito escolas de Pernambuco estão preparadas para receber estudantes surdos. Como Ribeiro não se comunica pela fala, a intérprete Janaína Lira traduziu o que ele expressou por meio da Língua Brasileira dos Sinais. “Mas os coordenadores, os diretores, eles não têm capacitação para receber esse aluno surdo, pra fazer uma atividade igual, apenas com metodologia diferenciada, de entender que a diferença é apenas a comunicação.”
Coordenadora da Frente Parlamentar, a deputada Terezinha Nunes, do PSDB, afirmou que as escolas particulares ainda resistem à aceitação de crianças com deficiência e, por vezes, se negam a realizar matrículas. Terezinha prometeu monitorar o problema da exclusão escolar no estado. “Como a Unicef nos disse que vai fazer uma busca ativa junto com a Prefeitura do Recife para que essas crianças passem a ir para escola, então o que nós vamos fazer é acompanhar isso. Acompanhar esse processo de volta dessas crianças ou de início dessas crianças na escola. Esse é o nosso papel.”
A reunião da Frente contou com a participação da atleta paralímpica norte-americana e porta-voz do Unicef para crianças com deficiência, Lucy Meyer. Em nome da Alepe, ela foi presenteada com uma gola de caboclo de lança, traje típico do maracatu rural. A realização do encontro nessa segunda foi simbólica: o dia marca o fim da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência.
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