Em discurso no plenário do Senado em
defesa de uma ampla reforma da legislação penal brasileira, o senador Armando
Monteiro afirmou que o país, apesar das conquistas sociais dos últimos anos,
ainda precisa avançar muito na área de segurança pública. Segundo Armando, a
melhoria da distribuição de renda, o melhor acesso à educação e a redução da
pobreza, por exemplo, não foram acompanhados por melhores resultados na
segurança pública.
O parlamentar lembrou que o Brasil
integra o grupo dos países mais violentos do mundo, junto com a Libéria,
Rússia, Somália, Venezuela, Guatemala, El Salvador, Angola, África do Sul,
Serra Leoa e Colômbia. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde
(OMS), a taxa média de homicídios do país é 20 vezes maior do que a das sete
maiores economias do mundo. De acordo com os dados comparativos internacionais,
o Brasil é mais violento do que países com o mesmo nível de riqueza.
Como membro da Subcomissão de
Segurança Pública do Senado, Armando Monteiro tem acompanhado diversas
audiências públicas com a presença de autoridades do setor, como os
representantes do Conselho Nacional de Secretários de Segurança. Ele constata
que há um consenso de que o aparato legal vigente está desatualizado. Para o
senador, novos crimes praticados na atualidade demandam novas leis. “É o caso,
por exemplo, dos atos de terrorismo, que não estão sequer tipificados”, citou,
reforçando a necessidade de revisão do Código Penal brasileiro.
Controle das atividades ilícitas
Para o senador, as políticas de
contenção das atividades ilícitas transnacionais e organizadas abrem um novo
capítulo no debate sobre as políticas de segurança no Brasil. “Esse tema aponta
um problema que exige novas formas de articulação entre o sistema de defesa
externa e de segurança pública doméstica, requerendo também uma ampla
reformulação de nosso código penal”, explicou.
Outro aspecto consensual apresentado
pelo senador é da adoção urgente de uma estrutura jurídica adequada aos
operadores do sistema de segurança e justiça para o enfrentamento de novas
ameaças representadas pelo crime organizado e pela corrupção nas polícias. “Há
lacunas na legislação que precisam ser enfrentadas, como a criminalização do
tráfico de pessoas, do jogo de azar, as fraudes eletrônicas e a formação de
milícias”, afirmou.
Papel do Senado
“Entre as várias formas de crime
organizado, a formação de milícias e a de grupos de extermínio certamente
merecem atenção prioritária por parte do Senado Federal. É um fenômeno que se
multiplica pelo País e mostra uma conexão perigosa entre alguns agentes do
Estado e o mundo do crime”, avaliou Armando Monteiro.
Segundo o senador, o crime de
formação de milícia e de grupo de extermínio precisa ser tipificado de modo a
garantir que qualquer ação delituosa tenha pena agravada. “O Projeto de Lei
iniciado na Câmara, PLC 137/2008, já emendado pelo Senado Federal, está em fase
final de tramitação na Câmara e poderá trazer avanços importantes nessa área”,
informou.
Para Armando Monteiro o desvio do mau
policial precisa ser objeto de ação legislativa mais ampla. “É urgente à
elaboração de Leis Federais que permitam o trâmite acelerado de processos
administrativos e penais contra policiais civis e militares envolvidos com
corrupção e violência - resguardando, evidentemente, o amplo direito de defesa
dos acusados”, destacou.
Ao final, o parlamentar destacou que
as ações integradas entre polícias, justiça brasileira e Lei Penal podem fazer
uma grande diferença para a sociedade no curto e no médio prazo. “Sabemos que o
controle do crime é esforço dispendioso. Caberá, portanto, aos governantes
avaliar e definir as prioridades na melhor alocação dos recursos. Com certeza,
as escolhas políticas nessa área não serão fáceis e o Senado Federal deve se
apresentar e trabalhar com a convicção de que é possível, sim, fazer uma grande
diferença, atuando de forma enérgica em prol da segurança da sociedade”,
concluiu.
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