“A literatura infantil brasileira vive um momento riquíssimo em diversidade e qualidade. O trabalho de muitos autores do nosso País é admirado no mundo. E esses escritores e ilustradores têm muito a contribuir com a formação dos novos cidadãos”, afirmou a presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil(AELIJ), escritora Sandra Pina, durante um bate-papo realizado, na tenda do Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns, o Filig.
Durante a conversa com o público do festival, que teve mediação do curador do evento, o também escritor Antônio Nunes (Tonton), Sandra falou sobre o início de sua carreira, suas inspirações, parcerias com ilustradores, além do trabalho que desenvolve como presidente da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juven
“Descobri que gostava de criar histórias ainda na infância. Após o fim das férias escolares, a professora sempre pedia para escrever uma redação sobre as férias. Como raramente viajava, resolvi aproveitar as férias através da imaginação, e assim fui descobrindo o prazer em contar histórias”, lembra Pina.
Mas a coragem de enviar o seu primeiro livro para uma editora só ocorreu há 13 anos, após ganhar o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores (UBE), pelo conto “Uma bolha de sabão, um barco, um avião”. “Sempre tive medo que as minhas histórias não fossem lidas pelas editoras. Mas aí resolvi enviar a história premiada para uma editora, junto o certificado do prêmio. Foi uma estratégia que encontrei e que deu certo”, contou a escritora, aos risos. De lá pra cá, Pina já lançou mais de 30 livros.
As inspirações para escrever, Sandra encontra em todos os lugares. “Tudo me inspira, desde uma conversa que ouço na rua, até as minhas lembranças da infância. O livro ‘Um, dois, três, feijão com arroz’, por exemplo, é baseado nas brincadeiras que o meu avô fazia com os netos”.
Sobre a relação com os ilustradores, a escritora disse que é de parceria, que um depende do outro e os dois profissionais precisam dialogar com a história. “Os dois são autores (escritor e ilustrador) por isso precisam estar comprometidos com a história. Tenho sorte de trabalhar com bons parceiros.
Sandra Pina também falou sobre a importância da Associação de Escritores e
Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil para os autores de literatura infantil do País. A entidade completa 15 anos em 2014. “O trabalho do ilustrador e do escritor é muito solitário e a AEILIJ oferece para esses profissionais muito solitário e a AEILIJ oferece para esses profissionais um espaço para debater não só questões da estética literária infantil, como também a relação com o mercado editorial e vários outros assuntos”, disse Pina.
EXPOSIÇÃO – Para marcar o aniversário de 16 anos da data, o Filig trouxe para Garanhuns a exposição com ilustrações e textos inéditos
Palestra
– Depois do bate-papo com Sandra Pina, a escritora colombiana
Irene Vasco falou sobre formação de leitores durante uma palestra
realizada no auditório do Sesc Garanhuns.
"Política
pública é papel. Há leis, entrega de livros, mas sem
acompanhamento não há possibilidade de fazer florescer",
ressaltou a escritora colombiana Irene Vasco, com a autoridade de
quem dedicou 25 anos na formação de leitores.
Para
um auditório cheio de estudantes e professores de Garanhuns e
região, a autora mostrou que é possível fazer chegar a magia da
leitura aos mais diversos lugares. Acostumada a levar o "mundo
dos livros" às comunidades em áreas mais afastadas da Amazônia
colombiana, a escritora ressaltou que os governos se preocupam muito
mais em colocar nas escolas computadores e outros aparatos
tecnológicos do que encontrar estratégias para que os livros
cheguem às crianças.
Enfática,
a colombiana diz que
não há uma fórmula mágica. Os adultos têm que se envolver com a
literatura para que as crianças aprendam a gostar dos
livros
também. Para Irene, uma das barreiras está na formação dos
professores, que também não são leitores. "Essa
familiarização com a leitura e a escrita, desde a estética à
emoção, colocando em prática a sua imaginação, vai permitir que
a aprendizagem da leitura seja algo mais fácil", defende.
Mesmo
convivendo em regiões mais afetadas pelo narcotráfico e com altos
índices de violência,
a autora diz não temer ser alvo. "Eu me pergunto onde está a
violência? Na
sala de espera de um
hospital sem
médicos, enfermeiras,
remédios,
nem
camas? Nas
favelas das
grandes cidades? Nas
minas de ouro
e
de
carvão
onde as
crianças
morrem
asfixiadas
e
debaixo
de
toneladas de escombros? Nos
rios
contaminados pelas
indústrias
que não
gastam
nem
um
pouco
de sua
receita
no
cuidado
das águas?
Nas
casas onde a
fome
se sente
de
dia
e
de noite?
Nas
escolas
sem
livros?
A
violência
está em
muitas
partes. A
esperança
também",
acrescentou
ressaltando problemas,
que
são
comuns não
só à
Colômbia, como
ao
Brasil.
Filig-
O
Festival Internacional de Literatura Infantil de Garanhuns, o Filig,
primeiro do gênero no Nordeste, começou na última quinta-feira (9)
com apresentação de
crianças flautistas
da AABB e a poesia com música do Coletivo Tear
,
seguindo até o domingo (12), Dia das Crianças e início da Semana
Nacional do Livro.
Diversas
atividades gratuitas estão acontecendo no Sesc Garanhuns e no Parque
Ruber Van der Linden, o Pau Pombo, com a proposta de promover a
interação de crianças e adultos com renomados escritores e
ilustradores do Brasil e da América Latina, como Irene Vasco
(Colômbia), Florencia Esses (Argentina) e Eleonora Arroyo
(Argentina). A expectativa da organização é de que cerca de 6 mil
pessoas participem de diversas atividades programadas para os quatro
dias de evento.
G&M Comunicação
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