Memória, Resistência e Futuro: I Encontro de Juremeiros de Paudalho promove Assembleia Histórica

 

No dia 27 de julho de 2025, o município de Paudalho, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, sediará um evento histórico: o I Encontro de Juremeiros de Paudalho, que tem como ponto alto a I Assembleia Geral dos Caboclos. Organizado pelo coletivo Maraká Urbano e pelo Ylê Axé Yemanjá Sabá, em parceria com a Escola Livre de Museologia Política, Corredor do Mundo Inteiro, Sítio Malokambo, Tenity Jara, Fundo Casa, Sociedade Artística 22 de Novembro, AFIKA-PB, UFPB, AME, Mata Sul Indígena, ABA, Epicentro Terra Viva e com o apoio do vereador Alceu Gusmão e da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, o evento marca um divisor de águas na valorização da tradição da Jurema Sagrada e no fortalecimento da identidade dos dos Caboclos. .

O evento será realizado na Sociedade Artística 22 de Novembro, na Câmara Municipal de Paudalho e na Praça Joaquim Nabuco. O encontro reúne lideranças comunitárias, pesquisadores, educadores, terreiros de jurema, poder público e sociedade civil para um momento de profunda troca de saberes, reafirmação de direitos e construção coletiva de caminhos para o reconhecimento e proteção das comunidades que cultuam a Jurema — religião de matriz indígena que incorpora elementos de matriz afro, do catolicismo popular, e que resiste secularmente ao apagamento e à perseguição institucionalizada.

Ao longo do dia, os participantes refletirão sobre os desafios enfrentados pelas comunidades de matriz afro-indígena em Paudalho, entre eles o racismo religioso, a invisibilização das práticas sagradas e a necessidade urgente de políticas públicas específicas. Durante a assembleia, será elaborada uma carta propositiva, com diretrizes voltadas à criação de instrumentos legais e institucionais que reconheçam e valorizem a diversidade religiosa e cultural dos povos da Zona da Mata.

Mais do que um encontro religioso ou cultural, o I Encontro de Juremeiros e a Assembleia Geral dos Caboclos representam uma ação afirmativa de memória, resistência e futuro. São passos concretos no processo de reconstrução da história indígena apagada da Zona da Mata Norte e no fortalecimento das redes de pertencimento espiritual e étnico. Em tempos de apagamento e intolerância, eventos como esse são fundamentais para a reexistência dos povos que sustentam a Jurema — seus encantados, folhas e rezas — e para o florescer de um novo horizonte de justiça e respeito às ancestralidades.

Bruno Amorim